sábado, 2 de abril de 2011

99,9 FM

09/09/09.
O dia que minha vida parou. Foi  o silêncio mais atormentador que qualquer outro na vida. Foi o dia que a minha infância fugiu de mim, e o presente também.
Pode parecer bobo, mas, foi  o dia em que a minha estação de rádio preferida parou de ir ao ar. Não era uma estação qualquer, foi aquela que marcou os melhores momentos da minha vida, a que me atualizava todos os dias e aquela que meu bisavô fundou.
Eu acordava toda manhã com a voz de Laércio. “Bom dia, ouvintes da rádio Panamericano!  Hoje São Paulo desperta com o sol radiante, um ótimo dia para ir à praia, mas, quem vai à praia em plena quinta-feira?” Ah, a doce voz de Laércio me fazia acordar sempre mais feliz.
A rádio Panamericano tocava músicas de todo quanto é tipo; sertanejo, rock, MPB, pagode... Foi ouvindo essa rádio  que quebrei  meu braço, que dei meu primeiro beijo e a primeira vez que bati o carro. Quando era criança, eu sempre a ouvia com meu avô, ele dizia que seu pai fundou essa rádio,  eu ficava toda orgulhosa. Quando conheci Laércio, que Deus me tenha, eu quase tive um ataque do coração, eu era a fã número 1! Que tipo de pessoa é fã de um locutor de rádio? Só eu mesma.
Mas, no dia 9 de setembro de 2009, não acordei com a voz de Laércio, acordei com um chiado... Meu rádio-relógio sempre foi sintonizado somente nessa rádio, desesperada corri para outros aparelhos; Ipod, rádio da cozinha... e nada! Ouvir aquele chiado e nada, foi a mesma coisa, tudo estava quieto, parado.
Corri para o computador e li o jornal eletrônico, uma manchete dizia: “A rádio Panamericano vai à falência”. Eu chorei, senti-me sozinha... Nunca pensei no fim de minha rádio, nunca, agora, ela se foi, a única coisa que escuto é o barulho das buzinas de São Paulo, não que eu tenha parado de ouvir música, mas toda aquela magia da música foi-se.
09/09/09, o dia em que a música tornou-se simplesmente música em minha vida.